segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Curiosidades da Amazônia-RITUAL DA TUCANDEIRA OU TOCANDIRA

“Entre integrantes da tribo Sateré-Mawé, existe um ritual inusitado que marca a passagem do adolescente para a fase adulta".

Os meninos são instigados a colocar a mão em uma luva de palha trançada infestada de formigas tucandeira, e aguentá-las durante pelo menos 10 minutos, enquanto todos os índios dançam ao redor em uma música em língua local. Em seguida, a luva é repassada ao índio do lado (que também deve aguentar os 10 minutos), e assim por diante, até passar por todos os adolescentes que estão ingressando na vida adulta. Durante o ritual os adolescentes ficam com suas mãos inchadas seguidos de vários efeitos,  como febre, câimbra, vermelhidão nos olhos, etc. O ritual prossegue com danças de roda por 11 horas. Para se tornar um guerreiro, os jovens Sateré-Mawé devem passar por esse ritual 20 vezes.


Na véspera da festa, a tribo se reúne e localizam as formigas que através de uma varinha, são forçadas a entrar num bambu chamado tum-tum. No dia seguinte essas mesmas formigas, são colocadas num recipiente com água misturada as folhas maceradas de cajueiro, que liberam um clorofórmio natural que tem propriedades anestésicas. Intorpecidas, elas ficam sem reação e centenas delas são fixadas pela cintura na trama da luva feita de folha de palmeira, com o ferrão voltado para a face interna. As formigas despertam momentos antes do ritual. As luvas utilizadas durante este ritual são tecidas em palha pintada com jenipapo e adornadas com penas de arara e gavião.
A tocandira, também conhecida como tucandeira, é uma formiga encontrada nas florestas tropicais brasileiras. Ela é facilmente reconhecida pelo tamanho: com 2-3 cm de comprimento, é oito vezes maior do que uma saúva operária. Sua picada é tão dolorosa que algumas pessoas dizem ser pior do que um ferimento a bala. Esse fato lhe rendeu o nome de formiga bala em espanhol e bullet ant em inglês (formiga bala na tradução literal). A formiga desenvolveu essa arma como mecanismo de defesa. A dor lancinante leva o animal picado a acreditar que levou uma lesão bem mais grave que uma ferroada de formiga e acaba fugindo.
De fato, na comunidade sateré-mawé Y'Apyrehyt, sem qualquer vínculo com o rito de iniciação, a ferroada de uma ou duas formigas tucandeiras é usada para a cura de dores articulares e cólicas menstruais. E por ser impossível precisar onde e quando esse ritual teve origem, seria inadequado separar o componente social da utilidade médica, ambos unidos pelo conhecimento historicamente acumulado desse povo. As ferroadas das formigas são também utilizadas como método de tratamento para certos tipos de dor.

Sateré - quer dizer "lagarta de fogo", referência ao clã mais importante dentre os que compõem esta sociedade, aquele que indica tradicionalmente a linha sucessória dos chefes políticos. O segundo nome - Mawé - quer dizer "papagaio inteligente e curioso".
A língua Sateré-Mawé integra o tronco lingüístico Tupi. Segundo o etnógrafo Curt Nimuendaju (1948), ela difere do Guarani-Tupinambá. Os pronomes concordam perfeitamente com a língua Curuaya-Munduruku, e a gramática, ao que tudo indica, é tupi. O vocabulário mawé contém elementos completamente estranhos ao Tupi, mas não pode ser relacionado a nenhuma outra família lingüística. Desde o século XVIII, seu repertório incorporou numerosas palavras da língua geral. 

Os homens atualmente são bilíngües, falando o Sateré-Mawé e o português, mas a maioria das mulheres, apesar de três séculos de contato com os brancos, só fala a língua Sateré-Mawé.

Com informações e Fotos/ No Amazonas é Assim

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